quinta-feira, 17 de junho de 2010

Educação x Afetividade


Disciplina: Educação e Saúde
Projeto de educação e Saúde
Profª. Nara Borges
PROJETO DE EDUCAÇÃO E SAÚDE


Turmas envolvidas: 1ª a 4ª série – Eja – Educação de Jovens e Adultos
Período de duração: Agosto a dezembro/2010

Título do Projeto: “Afetividade nas Relações Sociais”

I – Justificativa:
            A Educação de Jovens e Adultos – Eja contempla em sua faixa etária alunos a partir de 18 anos, em situação de vulnerabilidade, que sem generalizar possuem uma visão histórica predominante de uma herança da cultura brasileira que permanece imprimida em nossa sociedade. Nela o estereótipo de sujeira, falta de moradia, e desconforto mental estão associados à classe baixa, como bagagem existencial.
            Os grupos hegemônicos continuam a existir e a muitas vezes “gerenciar” atitudes desiguais, “oportunizando”, por exemplo, campanhas de vacinação visando não permitir o avanço de epidemias, através do povo pobre e muitas vezes sem instrução.
            A relação interpessoal professor-aluno dentro de um processo de aprendizagem, é fato determinante dentro desta identidade jovializada mesclada com sujeitos adultos e da terceira idade, que caracterizam, ou melhor, dizendo demonstram a estampa atual da Educação e Jovens e Adultos.
            É importante o questionamento pessoal dos docentes e gestão em relação a seus planejamentos, investigando a situação de cada discente principalmente quanto às motivações que fizeram com que retornasse a vida escolar, qual seu contexto, suas dificuldades, suas características próprias, seus conhecimentos, suas emoções.
            O desafio deste projeto diante do professor é o de buscar meios para enxergar seu aluno em sua totalidade e concretude, na busca do elevar sua auto-estima através da satisfação de suas necessidades na área afetiva no conjunto de suas relações sociais dentro do meio de sua convivência.
            Entende-se ainda que quando a área afetiva é beneficiada, as áreas cognitivas e motivas alcançam paralelamente seus objetivos, visando diminuir as dificuldades de aprendizagem através do encorajamento e do conhecimento de todos, favorecendo o ambiente de perguntas e respostas, tornando o professor um facilitador.
        
O meio é um complemento indispensável ao ser vivo. Ele deverá corresponder as suas necessidades e as suas aptidões sensório-motoras e, depois psicomotoras... Não é menor verdadeiro que a sociedade coloca o homem em presença de novos meios, novas necessidades e novos recursos que aumentam possibilidades de evolução e diferenciação individual. A constituição biológica da criança, ao nascer, não será a única lei de seu destino posterior. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pela circunstância de sua existência, da qual não se exclui sua possibilidade de escolha pessoal... Os meios em que vive a criança e aqueles com que ela sonha constituem a “forma” em que amolda sua pessoa. Não se trata de uma marca aceita passivamente.  (Wallon, 1975, pp. 164, 165, 167)
           
            Wallon, através da teoria da afetividade afirma que os diversos meios em que à sociedade insere o indivíduo são capazes de atuar em sua transformação pessoal, refletindo-se entre rupturas e retrocessos, favorecendo o desenvolvimento entre o afetivo e o cognitivo através da convivência com o outro no estabelecimento de preceitos e princípios.
            Trabalhar a afetividade dentro do contexto de Educação e saúde é permitir que o construto até então conhecido de que saúde é somente ausência de doença, tenha uma desconstrução permitindo que áreas como a emoção, sentimento e paixão, possam estabelecer-se como necessárias ao processo determinante de ensino aprendizagem.
            Conforme Vasconcelos, no texto “Surgimento, crise e redefinição da educação popular, “a educação e saúde é o campo de prática e conhecimento do setor saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação médica e o pensar e fazer cotidiano da população”“. Portanto nada melhor do que dentro da escola e a partir dela proporcionar o surgimento de um caminhar consciente estabelecendo laços necessários para um entendimento capaz de mudança a partir do âmbito escolar estendendo-se a sociedade.
            Mas afinal o que é a promoção da saúde? Através do texto de Virginia Schal, “Educação e saúde: Novas Perspectivas”, a autora relata que é o processo de capacitação da comunidade, visando atingir uma qualidade de vida, através de seu maior controle e sua participação.
            Dentro desta perspectiva o projeto “Afetividade nas relações pessoais” visa o conhecimento do eu e do outro, dentro das etapas diversas que constituem a Educação de Jovens e Adultos, buscando atingir o papel da afetividade dentro de seus diferentes estágios.
            A justificativa deste projeto em relação ao meio onde será aplicado vem ao encontro à necessidade do crescimento do auto-cuidado alicerçado ao auto-conhecimento, que envolve o sujeito num todo, ou seja, corpo mente emoções, que se unem as relações sociais do indivíduo.
           
II – OBJETIVO GERAL:
            Restabelecer a auto-estima através do auto-conhecimento e auto-cuidado, buscando o equilíbrio do sujeito fortalecendo a afetividade em seus relacionamentos pessoais.

III OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
ü      Oportunizar o conhecimento do conceito amplo de saúde;
ü      Trabalhar os diferentes estágios e o papel da afetividade como capacidade e disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo/interno, através de sensações agradáveis e desagradáveis;
ü      Estabelecer perguntas como: Quem sou eu? Quais são meus valores/? Quem serei no futuro? Confrontando com outras definições de valores pertinentes a faixa etária como: Eu sei quem sou e o que esperam de mim.
ü       Vivenciar as experiências de cada um dentro de seu contexto histórico relativados ao meio de seu convívio;
ü      Oportunizar momentos de descontração através da música e expressão corporal.

IV – METODOLOGIA:
            A ações utilizadas serão oportunizadas de uma forma dinâmica, através de textos, palestras e jogos, permitindo que a abordagem pedagógica possa tomar uma postura construtiva a partir dos saberes de cada um.
            As técnicas utilizadas primeiramente irão partir do conhecimento do corpo utilizando-se da música e da dança como veículos de aproximação e desprendimento, facilitando assim o desenvolvimento social.
            As atividades desenvolvidas conforme o cronograma estabelecido buscarão alcançar os objetivos geral e específico através de ações diversificadas, que produzam alegria e o desejo do conhecimento do eu e do outro.
            Para alcançar os objetivos traçados o planejamento deverá partir dos conhecimentos do sujeito, que servirão como base para as desconstruções que também serão necessárias. Será preciso desacomodar de situações vivenciadas para que a metodologia encontre lugar privilegiado, estabelecendo novas funções para o indivíduo participante e cuidador de suas fragilidades sociais.

VI – REDES DE APOIO:
ü      SOE;
ü      SOP;
ü      Serviço social;
ü      Psicologia:
ü      Professores;
ü      Pastoral;
ü      Hospitais;
ü      Postos de saúde;
ü      Família.

VII – CRONOGRAMA
             
           
Mês
Atividades desenvolvidas
Avaliação
Agosto
Durante este mês as atividades desenvolvidas estabelecerão parcerias para o conhecimento e aceitação do corpo que temos, e perspectivas do corpo que queremos, buscando auxílio através de dinâmicas que envolvam o alongamento e a dança.
A princípio acontecerá através da participação individual, no pequeno e grande grupo, na busca do “romper com o pensamento empático, segundo Rogers”.
Setembro
Permitir que os sujeitos conheçam os estágios e o papel da afetividade dentro do desenvolvimento do caráter do ser humano, relativados ao meio. Trazer um pouco da biografia de wallon, seus conceitos e sua biografia.
Partir do que se conhece dentro da bagagem existencial de cada um, buscar através da zona de desenvolvimento proximal alargar estes conhecimentos baseados nos estudos de Wallon.
Outubro      
Relacionar e produzir através destas relações, através de várias rodas de conversa e de violão  as influências que este meio produziu dentro da afetividade de cada um, e nas relações pessoais.
Dentro do modo de ser e de agir do sujeito que estabelecerá sua percepção maior dentro da afetividade.
Novembro
Através das perguntas estabelecidas dentro dos objetivos específicos realizar um painel de crescimento de afetividades que poderá ser anexado e apresentado na biblioteca da escola e/ou sala de recursos, relacionando com as práticas de saúde e seus benefícios em relação à afetividade.
Através da pedagogia da presença onde o facilitador deverá problematizar situações envolvendo a todos, visando à sintonia na afetividade pessoal e coletiva.


VIII – AVALIAÇÃO:
            O projeto “Afetividade nas relações sociais”, adotando uma concepção interacionista avaliará individualmente os sujeitos através de estudos paralelos onde o facilitador/mediador poderá exercer também o papel de problematizador diante das situações provocadas e estabelecidas pelo grupo.
            Os avanços, desempenhos e investigações do sujeito serão avaliados de forma sistemática, e considerados elementos propulsores que promovem o crescimento na construção de novos conhecimentos de si e do outro, libertando-o assim para uma vida dinâmica entre as relações sociais.
             
VIII – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

VASCONCELOS, Eymard Mourão. Caderno de Educação. Surgimento, crise e redefinição da educação popular em saúde.

SCHALL, Virgínia T. Educação em saúde: novas perspectivas.

VALLA, Victor Vincent. Construindo a resposta à proposta de educação e saúde.
Wallon, H. (1941-1995). A evolução psicológica da criança. Lisboa, Edições 70.
______ (1959-1975). Psicologia e educação da infância. Lisboa, Estampa.

Wallon, H. (1941-1995). A evolução psicológica da criança. Lisboa, Edições 70.
______ (1959-1975). Psicologia e educação da infância. Lisboa, Estampa.
 http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-69752005000100002
27/05 14:11

HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover. As setas do caminho. Ed. Mediação. Porto Alegre. 2001.


           






























































































































                         






                         

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