sexta-feira, 4 de junho de 2010

Missão Especial

CHAMPION, Gregg. Miracle Run. Missão Especial. EUA. 2004. Drama. 88 min.

ANÁLISE CRÍTICA

            O filme “Missão Especial” em uma análise de conjuntura apresenta cenários diversificados, sendo que no primeiro momento absorvem a realidade de uma família constituída por mãe solteira, seus dois filhos e o padrasto.
            A mãe, Corrine Morgan, ocupa seu tempo em levar seus filhos a diversos especialistas, a procura de um diagnóstico para o problema que enfrenta; por este motivo o cenário também se altera nas idas e vindas a hospitais.
            Após receber o diagnóstico definitivo de que seus filhos são portadores de autismo, no primeiro momento se desespera, depois de forma resiliente acalma-se e permite que seu olhar de cuidadora retorne as necessidades de seus filhos.
            O padrasto por sua vez, acaba deixando a família, pois não se entende em condições de continuar exercendo seu papel diante da dificuldade que terá de enfrentar com os meninos.
            As questões sociais que Corrine terá de enfrentar são imensas, porém em nenhuma das cenas contempladas pode se perceber uma atitude de derrota, ou de desistência, embora o medo e o desejo de acertar estivessem diariamente com ela.
            As relações de poder através da resistência pareciam impulsionar mais e mais esta mulher em buscar os direitos de uma educação inclusiva a seus filhos, investigando e problematizando situações para que estes permanecessem na escola onde estavam o que na verdade não era o desejo de professores e gestores.
            Alargando meu olhar dentro da pedagogia percebo que por diversas vezes estas situações se multiplicam em nossos ambientes escolares.     As leis e resoluções como neste caso existem, porém acontece muitas vezes através da força, da imposição, o que pode parecer violência, mas não é.
            Muitas e muitas vezes até mesmo no momento da matrícula é realizado um par ou impar discriminatório, onde se nega à presença e consequentemente a integração e interação de crianças e adolescentes portadores de NEEs.
            No caso dos meninos Steven e Philip a postura da escola que no primeiro momento os excluía poderia ser determinante em suas vidas, realizando neles um prognóstico de derrotas e frustrações, não dinamizando suas construções pessoais e culturais, deixando-os isolados do mundo.
            Pensando na relação de afetividade que Wallon defende em seus estágios, posso perceber o valor de uma família estruturada, pois a sensibilidade no olhar da mãe para seus filhos, e no perceber que é possível ir além fez com que ela não estabelecesse fronteiras para o aprendizado de ambos.
            As rupturas e retrocessos realizados a partir do filme, faziam com que a mãe vibrasse a cada vitória, pois aparentemente além de serem portadores de autismo os dois possuíam altas habilidades em algumas áreas, que foram se revelando através da interação sócio-escolar.
            Acredito ser importante lembrar que tudo era novo para esta mãe, que precisou ler muito e tornar-se em determinado momento uma educadora eficaz para seus filhos, proporcionando assim um auto-conhecimento revelados através da autonomia de ambos.
            No filme o professor que realizou o atendimento domiciliar exercia suas práticas com docilidade, com voz suave e repetindo quantas vezes fossem necessárias o que aparentemente eram “comandos”, o que talvez seja comum na prática com esta síndrome.
            Minha análise critica através deste filme é a de que é necessário e urgente uma descontrução no contexto familiar e educacional em prol das diversidades existentes em nossa sociedade.
            As práticas pedagógicas precisam ser mais reflexivas e investigatórias, problematizando a todo tempo o sujeito em atendimento e consequentemente o fazer pedagógico a ser realizado.
            Concluo com a Frase de Hellen Keller “ Por que nos contentamos em viver rastejando, quando sentimentos o desejo de voar”; assim também deverá acontecer com a educação em todos os seus âmbitos, através de todos os seus profissionais.
            Como professores precisamos pensar que nossas práticas precisam atender a todos, sempre com o ímpeto e o desejo de voar e tornar o vôo possível a estes sujeitos a quem nosso olhar deseja alcançar.

Dione Gauto
           
                       
            

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